Colega,
o SNESup divulga o Manifesto Ciência Portugal 2018, iniciado por alguns colegas ligados à investigação e cuja reivindicação parte do princípio comum que defendemos de um aumento do financiamento para o Ensino Superior e Ciência.
Estamos de acordo com essa reivindicação, sendo que consideramos que a plataforma transversal que o SNESup tem vindo repetidamente a defender, deve ser o mais alargada possível e deve conjugar Ciência não no singular mas sim num plural, no qual também se inclui o Ensino Superior.
Sendo esta uma iniciativa louvável, existem quatro pontos que nos parecem fundamentais e que devem ser respeitados:
– não existe Ensino Superior sem Ciência (e vice-versa);
– a Ciência é matéria pública e comum a todos;
– o financiamento público deve seguir o princípio da transparência, sendo fundamental ser conhecido onde e como é despendido;
– não há progresso sem docentes e investigadores trabalhando em carreiras dignas, respeitando a Carta Europeia do Investigador e o Código de Conduta da Contratação de Investigadores.
A Ciência é não apenas feita de indivíduos, mas também de organizações e instituições.
O passado de uma economia como a portuguesa levam a que haja uma tal pressão sobre o emprego que o discurso rapidamente se degrada, tal como as condições em que se realiza a investigação.
Aliás, sabemos que muitos dos subscritores do manifesto assinaram também a petição pelo fim da precariedade no Ensino Superior e Ciência. Afinal, o problema não é apenas do Código de Contratos Públicos.
Convém relembrar que economia portuguesa possui baixas percentagens de emprego nos setores com forte intensidade de conhecimento (apenas 2,33%, comparado com os 29,6% de média na UE28) e de Alta e Média-Alta Tecnologia (4,63% comparado com 37,2% de média na UE28). Destes números reduzidos faz parte o emprego em atividades de investigação e desenvolvimento.
O pacto para mudarmos de modelo económico exige bastante de todos nós, incluindo uma visão da sociedade em que os direitos laborais são parte integrante. Tal carece da concretização de políticas concretas, incluindo que não haja boicote à implementação da legislação que traz essa mudança.
Por isso, hoje, às 12h, juntos afirmamos mais uma vez:
#éparacumprir!
Saudações Académicas e Sindicais
A Direção do SNESup
23 de maio de 2018