Colega
Um sistema que não funciona. É assim que podemos resumir os resultados do Concurso de Estimulo ao Emprego Científico Individual 2018.
Não funciona nos prazos e no cumprimento de datas claramente anunciadas. Não funciona nos dislates dos membros do júri (há quem tenha decidido que a docência é um fator de ponderação, quiçá esperando poder beneficiar de mais trabalho gratuito). Não funciona nas elevadas taxas de rejeição (foram aprovados 300 lugares perante 3716 candidatos). Não funciona na empregabilidade, reduzida a mais um contrato temporário.
A baixíssima taxa de aprovação revela um problema sério e apresenta-se mais como um convite à saída do sistema, do que um estímulo ao emprego científico.
Se é certo que Portugal tem um baixo rácio de doutorados quando comparado com os demais países, também é certo que o país tem dificuldades prementes em oferecer condições ao emprego com qualificações avançadas. Isso reforça a pressão sobre a emigração qualificada (“brain drain”).
Ora, a questão que se coloca é se estas taxas de rejeição e este tipo de programas são de facto a solução para este problema. Ao que se soma a questão da necessidade de rejuvenescimento das carreiras académicas e científicas. Pelo que se impõe uma pergunta:
Não fará sentido abrir lugares na Carreira de Investigação Científica?
Face ao elevado investimento que acarretam todas estas formações, é bom que pensemos que modelo de funcionamento é que temos na nossa ciência, que se assemelha a um funil com abertura cada vez maior e saída cada vez mais estreita.
É que não é possível esconder as falhas deste modelo, e o lugar de uns poucos “remediados” precários não pode ser a solução.
Saudações Académicas e Sindicais
A Direção do SNESup
28 de novembro de 2019