Colega,
Nas últimas semanas o SNESup tem vindo a reunir com reitores, presidentes de politécnicos e presidentes de escolas não integradas, a propósito das medidas de segurança e saúde e para analisar os efeitos das medidas de mitigação e contenção da pandemia Covid-19.
Neste momento, já reunimos com a esmagadora maioria dos responsáveis pelas instituições em reuniões produtivas de alto nível e que têm o propósito de articular os diversos agentes na resposta a esta situação.
Consideramos que existem 3 fases:
Uma primeira fase referente ao grande confinamento e ao estado de emergência, na qual nos concentrámos nas questões de liberdades, direitos e garantias fundamentais; uma segunda fase, referente ao regresso das atividades presenciais e o desafio da avaliação; e uma terceira que se refere ao próximo ano letivo.
Em relação à primeira fase, a preocupação do SNESup centrou-se em liberdades, direitos e garantias fundamentais através de dois vetores. O primeiro relativamente à salvaguarda da proteção de dados, direitos de imagem e de todos os problemas de privacidade – e não só – que são ameaçados pela má utilização das tecnologias. Neste campo, o SNESup tem já grande experiência. Não só por internamente recorrer com regularidade e há mais de dez anos à videoconferência, com preocupação em relação às matérias de hacking, bem como à captação indevida de informação.
O segundo vetor foi a chave para vencermos com sucesso este desafio, através da autonomia científica e pedagógica individual dos docentes. Foi assim que conseguimos manter este sistema em funcionamento, numa conversão literalmente da noite para o dia.
Atualmente, vivemos a segunda fase sendo que o SNESup procurou conhecer se estavam, ou não, a ser implementadas as nossas recomendações relativas à disponibilização de equipamentos de proteção individual, reforço da limpeza das instalações e adequação dos espaços letivos. Em relação a estas matérias, a resposta de todas as instituições com quem reunimos foi positiva. Ao contrário de posições tidas por um ou outro dirigente, que até agora se recusou a reunir com o SNESup, todos os demais distribuíram materiais por toda a comunidade, incluindo, naturalmente, os docentes.
Sobre o desafio da avaliação, verificámos que se estão a materializar as nossas preocupações. Após um processo de tentativa e erro muito voluntarioso, a comunidade tem vindo a aperceber-se das extraordinárias dificuldades que representa a avaliação à distância, sobretudo em determinadas matérias e contextos. Verificámos, assim, que após algum engajamento inicial, a opção é, cada vez mais, pela avaliação presencial.
A evolução da pandemia e a incerteza que ela coloca aliada a uma ambiguidade inicial, quer do MCTES quer da própria OCDE, coloca várias questões sobre o próximo ano letivo. Temos, no entanto, cada vez mais certezas sobre o que importa para o futuro. É inegável que o ensino presencial tem vantagens de proximidade e de modelo pedagógico, que são fundamentais de serem operacionalizadas.
Tal significa que zelar pela qualidade do Ensino Superior obriga a um investimento que possa garantir, quer questões de segurança e saúde, quer da melhor aproximação pedagógica que se traduz em turmas mais reduzidas, num ensino mais acompanhado, com maior participação dos docentes, em métodos que desenvolvem mais o pensamento crítico e a capacidade de análise. Tudo isto resulta na necessidade de contratação de mais professores e na aceleração dos investimentos em infra estruturas imobiliárias e de equipamentos.
Esta exposição, que foi apresentada a todas as instituições com quem reunimos, foi acolhida de forma absolutamente consensual.
Amanhã, 3ª feira dia 23 de junho, o SNESup estará no Parlamento para apresentar estes resultados procurando que se possa construir o necessário consenso político alargado (que nos habituamos a construir) com vista ao necessário reforço orçamental que tudo isto acarreta.
Não deixamos de estranhar a completa ausência de atenção e cuidado orçamental que o Governo apresenta por estas necessidades de funcionamento no setor no Ensino Superior e Ciência.
Estranhamos ainda a falta de uma maior vocalização destas necessidades por parte do CRUP e do CCISP, mais ainda quando os constrangimentos orçamentais são cada vez mais evidentes.
#éparacumprir
Saudações Académicas e Sindicais,
A Direção do SNESup
22 de junho de 2020