Colega,
foi ontem divulgado um estudo científico que revela que metade dos docentes do ensino superior apresenta sinais de fadiga elevada e de exaustão durante a pandemia de Covid-19 e que mais de um terço está em burnout, devido às más condições de trabalho.
São indícios que confirmam os vários alertas que têm vindo a ser lançados pelo SNESup, sendo que já antes do início da crise epidémica se registavam sinais de fadiga e exaustão entre docentes e investigadores, de acordo com estudos científicos divulgados no início deste ano.
No Ensino Superior e Ciência as condições de trabalho têm-se vindo a degradar progressivamente, com uma grande parte dos docentes e investigadores em situações precárias e/ou sem perspetivas de progressão na carreira, o que resulta num clima de desgaste e desmotivação.
Por isso, é cada vez mais importante estarmos fortemente mobilizados e organizados na exigência de melhorias na nossa situação profissional. Sem essa mobilização e adesão a inciativas em defesa da nossa profissão pouco ou nada vai mudar. O individualismo não tem resultados positivos na melhoria das condições de trabalho dos docentes e investigadores.
O estudo agora divulgado – realizado em colaboração entre o CINTESIS (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde) e a Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto – contou com a coordenação das investigadoras Ivone Duarte e Carla Serrão e tem por base as respostas de 355 docentes do continente e ilhas que participaram num inquérito online entre 19 de junho e 30 julho.
Os resultados revelam que “mais de metade dos docentes estavam, por vezes ou mesmo muitas vezes, particularmente sensíveis, intolerantes, agitados, com dificuldades em relaxar ou em acalmar”.
Além disso, as notícias sobre o estudo destacam que, no total, 37% dos docentes sofreram burnout associado à atividade profissional e apontam para um prolongado estado de fadiga físico e exaustão psicológica, que resulta do exercício da atividade profissional.
Acresce, ainda, que cerca de um quarto dos docentes inquiridos referiu sentir sintomas de ansiedade e/ou de depressão, enquanto 60% referiram dificuldades em adormecer ou em dormir sem interrupções, descrevem as notícias sobre o estudo.
Estes resultados são associados à “abrupta adaptação, com múltiplas exigências e desafios sociofamiliares e profissionais” a que os docentes e investigadores foram forçados durante o período de confinamento, nomeadamente com o recurso, sobretudo, à plataforma Zoom para continuarem o trabalho docente sem qualquer preparação prévia ou formação.
Estes são sinais de que é cada vez mais fundamental que nos unamos e mobilizemos, exigindo melhores condições de vida, de saúde e de trabalho. É muito claro que divididos e cada um por si não vamos conseguir essa melhoria.
Saudações Académicas e Sindicais,
A Direção do SNESup
27 de outubro de 2020