Dia internacional da Mulher no Ensino Superior e Ciência

03/08/2022 | Comunicados

Colegas,

Hoje é o Dia Internacional da Mulher, uma data instituída pelas Nações Unidas em 1975 que importa continuar a assinalar tendo em conta as disparidades que ainda existem entre homens e mulheres.

No caso do ensino superior, num processo de forte convergência com a União Europeia e em coerência com os objetivos que o país assumiu nesse contexto, os ritmos de crescimento do número de jovens que frequentam o ensino superior em Portugal têm vindo a intensificar-se nos últimos anos. O reflexo de tal protagonismo é particularmente impactante no segmento feminino da população, que tradicionalmente apresentava um perfil de educação mais desfavorável do que o dos seus congéneres masculinos.

De facto, desde os anos 1990 que, ano após ano, as raparigas são prevalecentes nos novos ingressos em cursos de licenciatura (ao longo dos últimos 30 anos, entre 54% e 56% do todo de estudantes que ingressam no 1.º ano pela 1.º vez são mulheres). Além disso, num reforço claro destas tendências, são elas também quem com maior frequência obtêm sucesso na conclusão do diploma de estudos superiores (sensivelmente 60% dos novos diplomados são mulheres, de forma consistente ao longo das últimas décadas). Estas assimetrias nos protagonismos de género relativamente à adesão e conclusão de estudos superiores tendem, porém, a atenuar-se nos ciclos de estudo pós-graduados, onde os homens voltam a ser prevalecentes, em especial nos doutoramentos.

O olhar sobre a composição de género dos docentes e investigadores que exercem a sua atividade nas universidades e nos politécnicos, públicos e privados em Portugal tende a refletir sobretudo esta composição.  No todo do sistema, os homens são prevalecentes face às mulheres (55% homens; 45% mulheres). Estas diferenças são mais acentuadas no subsistema universitário (homens 57%), e nas categorias de topo dos dois subsistemas, seja no público ou no privado.

Segundo os últimos dados disponíveis do REBIDES relativos a 2018, mais de metade das docentes do subsistema público universitário (53%) estão na categoria inicial da carreira docente, e 24% ocupa mesmo posições fora dessa carreira. Neste subsistema, o todo de docentes e investigadoras com vínculos precários (convidadas) e/ou que ocupam posições sem enquadramento na respetiva carreira representam 45% (nos homens são 41%). Estes dados são agravados no subsistema politécnico, no seio do qual 54% das docentes estão posicionadas na categoria inicial de carreira, enquanto 37% exercem serviço docente em posições não reguladas pelos estatutos de carreira. Neste subsistema politécnico 47% das docentes têm vínculos precários e/ou ocupam posições fora dos estatutos de carreira.

Por isso, a promoção de uma maior igualdade de oportunidades entre homens e mulheres é uma das vertentes da luta por condições de trabalho e emprego mais justas e dignas para todas e todos nas instituições de ensino superior e ciência.

Em 2022 o SNESup assinala a data de hoje dando a conhecer melhor a realidade internacional. Convidámos Anne Roger, secretária-geral do SNESUP-FSU de França, e Faten El Meddah,  secretária-geral da Associação Universitária da Tunísia para as liberdades e direitos académicos, a responder a questões sobre a presença de mulheres nos grupos de estudantes, professores e investigadores e nas instituições de ensino superior e ciência, sobre os desafios atuais para promover uma maior paridade entre homens e mulheres no ensino superior e ciência, e ainda sobre as razões para escolherem a profissão académica e a atividade sindical.

Tal como em anos anteriores, a Direção do SNESup manifesta a sua solidariedade com as ações de promoção da igualdade de oportunidades para as mulheres, designadamente com a Greve Feminista Internacional promovida pela Rede 8 de Março.

 

 

Saudações Académicas e Sindicais,
A Direção do SNESup

8 de março de 2022

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