Colegas,
Os investigadores e docentes do ensino superior público perdem em média 10,3% e 11,1% (docentes dos politécnicos) ou 9,8% (docentes universitários) do poder de compra entre janeiro de 2022 e o final de 2023, de acordo com os dados do economista Eugénio Rosa, que fez cálculos rigorosos sobre a diminuição do nosso poder de compra. Nos cálculos de 2022 foram usados os valores conhecidos da inflação e para os meses seguintes foi usada a projeção do governo para a inflação.
O economista estima que as perdas são da ordem dos 10% para todas as carreiras especiais da função pública, ou seja, correspondem a um corte efetivo de 1,4 salários no acumulado dos dois anos. O valor nominal dos salários aumenta numa percentagem que ronda os 2%, mas o seu valor real cai abruptamente. Este mecanismo com o qual alguns nos querem ludibriar e com que outros se conformam chama-se ilusão monetária: o valor nominal aumenta, mas o poder de compra diminui. O corte nos salários reais, quando todos os outros preços aumentam, é uma escolha política consciente que faz cair todo o impacto da inflação nos salários.
Tendo em conta a inexistência de reposicionamentos remuneratórios por via da avaliação de desempenho, os docentes do ensino superior e investigadores constituem o corpo da administração pública onde as perdas salariais se fazem sentir com maior intensidade.
A continua desvalorização dos salários da função pública já faz sentir os seus efeitos no Serviço Nacional de Saúde e, em pouco tempo, veremos um cenário idêntico no Ensino Superior e na Ciência.
Terminamos 2022 com perspetivas pouco animadoras sobre a evolução das nossas carreiras e salários. É por isso, premente iniciarmos o próximo ano mobilizados e conscientes da importância de nos unirmos para fazer face a esta situação e também para combater os níveis muito elevados de precariedade com que estamos confrontados.
Estamos juntos!
Saudações Académicas e Sindicais,
A Direção do SNESup
16 de dezembro 2022